Conheça a raia-chita
Morfologia externa
A raia-chita (Aetobatus narinari) possui características marcantes! Seu focinho e suas manchas a destacam de outras espécies e são sua marca registrada. Vamos conhecer outras características importantes?
Você sabia que raias possuem dimorfismo sexual?
Machos e fêmeas podem ser diferenciados pela presença de adaptações nas nadadeiras pélvicas dos machos, os cláspers! Quando jovens, os cláspers são pequenos, desenvolvendo-se conforme o amadurecimento das gônadas.
Tamanho
A raia-chita é uma espécie de raia considerada grande, pois pode atingir mais de 3m de distância entre as pontas das duas nadadeiras peitorais! Essa medida é chamada de largura do disco.
Alimentação, forrageio e comportamento
A dieta é composta principalmente por organismos que vivem sobre o assoalho marinho, e até mesmo escondidos no sedimento. A obtenção de alimentos envolve diferentes processos!
A dieta é principalmente composta de moluscos, crustáceos e poliquetas.
Composição da dieta
mas como a raia-chita consegue quebrar estruturas tão resistentes?
Tudo isso é possível graças à especializações em sua dentição, onde os dentes são fundidos em placas dentárias, com uma única fileira em cada maxila.
Comportamento
São animais sociáveis, podendo ser encontrados em grandes grupos, principalmente fora do período de reprodução
Etapas de forrageio
Procura
Enquanto nada bem próximo ao fundo, em busca de presas, os sistemas sensoriais "ficam atentos" à estímulos olfativos e elétricos que indiquem a presença de outros organismos.
Captura
Opa... Alimento encontrado! Neste momento, inicia-se o processo de escavação. Movimentando frequentemente as nadadeiras peitorais, mas sem sair do lugar, a raia-chita inicia um processo sistêmico de enterrar o focinho no sedimento, bombeando água para dentro da cavidade bucal, até desenterrar a presa.
Ingestão
Com o alimento em mãos (ou melhor, na boca), agora inicia-se o processo de manipulação, onde as estruturas duras como conchas e carapaças são quebradas e separadas do corpo dos organismos.
Reprodução
Machos e fêmeas podem estar aptos à reprodução em "idades" distintas! Para estimar a idade de raias e tubarões, utilizamos informações sobre o tamanho de seus corpos, como a largura do disco. Sabemos que os machos podem começar a buscar parceiras para reprodução tendo entre 80 e 110 cm de largura de disco. Contudo, para as fêmeas, esses dados ainda não são suficientemente precisos.
Comportamento reprodutivo
Para vencer os desafios da fecundação interna, em meio ao ambiente aquático e, sem terem mãos para auxiliar, os machos de raia-chita têm grandes desafios! Durante o período de reprodução, o macho persegue a fêmea até conseguir segurá-la com os dentes. Em seguida, introduz um de seus cláspers na abertura urogenital da fêmea, conduzindo o sêmen para o interior de seu corpo. O acasalamento pode durar de 30 a 90 segundos.
Você sabia que o Mergulhando na Conservação foi responsável pelo primeiro registro científico do comportamento reprodutivo e do acasalamento de raia-chita na costa do Brasil?
Diferentemente de outras espécies de raias, a raia-chita não bota ovos. Conhecido por viviparidade aplacentária, os embriões desenvolvem-se no interior do corpo da mãe, alimentando-se de pequenas bolsas que contém vitelo. Além disso, a espécie apresenta estruturas especializadas, chamadas de trofonemas, que são responsáveis por secretar uma substância nutritiva, o leite uterino, que irá suplementar a alimentação e viabilizar o desenvolvimento do embrião. A gestação dura cerca de 12 meses e as fêmeas dão à luz a até 4 filhotes, não havendo período de resguardo entre gestações.
Distribuição geográfica e ameaças
De modo geral, as raias do gênero Aetobatus são cosmopolitas, podendo ser encontradas nos Oceanos Atlântico, Pacífico e Índico. Mas, a espécie que observamos no Brasil, Aetobatus narinari, está distribuída pela porção oeste do Oceano Atlântico, ocorrendo desde a Carolina do Norte (EUA) até o sul do nosso país (Sales et al., 2019). São comumente encontradas em regiões tropicais e ambientes costeiros, com até 60 metros de profundidade, como recífes, baías e estuários, e em ilhas oceânicas.
Presença de raia-chita
A raia-chita está ameaçada de extinção
Categoria "Em Perigo" (EN; IUCN)
A principal ameaça é a pesca!
Apesar de sua pesca ser proibida, a raia-chita acaba sendo significativamente impactada pela atividade pesqueira exercida com foco em outras espécies, como por exemplo o camarão. Por utilizarem diferentes camadas da coluna d’água, a espécie fica suscetível a vários tipos de redes de pesca, como redes de emalhe e de arrasto. Além disso, devido ao longo período de gestação e o número reduzido de filhotes, a taxa de reposição de novos indivíduos no ambiente é inferior a taxa de indivíduos que é afetado pela pesca.