A Ilha Anchieta

Localizada no meio de Unidades de Conservação, a Ilha Anchieta é um refúgio para a biodiversidade

Mas o que é uma Unidade de Conservação?

Uma Unidade de Conservação (UC) tem como objetivo principal a preservação, podendo ser de um ecossistema, de determinados habitats e/ou de espécies da nossa fauna e flora. São áreas naturais delimitadas pelo poder público, seja federal ou estadual, que por possuírem características ambientais consideradas relevantes, são protegidas por lei. As atividades permitidas dentro dessas áreas são restritas, e assim as UCs podem ser divididas em dois grupos: as de proteção integral e as de uso sustentável.

Nas UCs de proteção integral só são permitidas atividades que façam o uso indireto de seus recursos naturais, ou seja, atividades que não incluam consumo, coleta, danos ou destruição dos mesmos, tais como o turismo ecológico, a pesquisa científica e a educação ambiental. Já as UCs de uso sustentável, ao mesmo tempo que visam preservar a natureza, também levam em consideração a importância econômica, e, consequentemente, social, que o uso direto de seus recursos carrega. Portanto, são permitidas atividades como a pesca e a extração de frutas para comercialização, desde que feitas de maneira devidamente controlada, visando ao máximo sua utilização de modo sustentável.

Começando pela parte terrestre, a Ilha Anchieta corresponde a uma UC de proteção integral, o Parque Estadual Ilha Anchieta (PEIA), localizado em Ubatuba. Criado em 1977, o PEIA tem como intuito preservar não somente a riqueza natural da segunda maior ilha do litoral norte de São Paulo, como também seu passado histórico. A ilha já foi habitada por outros povos e serviu até mesmo como um presídio, tendo suas ruínas abertas para visitação até os dias atuais.

Já seu entorno marinho é englobado pelo Polígono de Interdição de Pesca, onde é proibida a ocorrência de atividades pesqueiras, com a exceção apenas da pesca para fins científicos (devidamente autorizada pelos órgãos de competência). Outra UC de proteção integral que ocorre nos arredores é a Estação Ecológica (ESEC) Tupinambás, a qual é composta por um conjunto de ilhas, dentre elas as ilhas de Palmas e Cabras, pertencendo ao arquipélago Ilha Anchieta. Por fim, seu entorno também está envolto pela Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Norte (APAMLN), uma UC de uso sustentável.

A existência do PEIA faz com que a ilha seja um abrigo para muitos animais de vários grupos diferentes. Do ponto de vista marinho, todas essas UCs próximas ao PEIA permite que ele funcione como um refúgio para várias espécies marinhas, contribuindo significativamente para a manutenção da biodiversidade local.

Você sabia que o Mergulhando na Conservação foi um dos responsáveis por fazer a Ilha Anchieta se tornar uma Área Importante para raias e tubarões?

As Áreas Importantes para Raiais e Tubarões (ISRAs, sigla em inglês) tem como finalidade guiar esforços globais para a conservação do grupo dos Chondrichthyes (raias, tubarões e quimeras). Através de critérios científicos, são selecionadas áreas relevantes, seja por motivos comportamentais, como agregações, áreas de reprodução e alimentação, pela diversidade e pela presença de espécies ameaçadas de extinção ou restritas geograficamente.

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Graças aos dados do Mergulhando na Conservação, a Ilha Anchieta foi identificada como uma área reprodutiva para duas espécies de raias: a raia-viola-do-focinho-curto (Zapteryx brevirostris) e a raia-viola-do-focinho-longo (Pseudobatus horkelii). Portanto, a Ilha Anchieta e seu entorno atendem o critério C1 da ISRA, de área reprodutiva. Além disso, a área também atende ao critério B, referente à espécies com distribuição geográfica restrita. Duas espécies presentes na Ilha Anchieta são restritas geograficamente: a raia-viola-de-focinho-longo e a raia-de-agassiz (Rioraja agassizi). As três espécies citadas também atendem ao critério A, de vulnerabilidade, sendo espécies ameaçadas de extinção pela IUCN.

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